SE OLHARES PARA O MEU SER CALADO
longe dos pensamentos confusos que só existem em mim,
verás o meu riso engraçado pelo poema inusitado;
regime alimentar como de um serafim.
UM CERTO HOMEM EM PROCESSO DE EMAGRECIMENTO,
isso, não sabia ninguém,
falava como o sal era às vezes medido.
Contava como o copo sem açúcar era a fonte de sabedoria de alguém
e explicava como os ovos às pressas não ficavam bem cozidos.
A CADA DIA ENSOLARADO,
uma balança imaginária surgia na mente do emagrecedor.
Pelo traje apertado,
os cento e cinco quilos, a vida conhecia,
mas o homem continuava a falar que até o ar condicionado o emagrecia.
NO PRIMEIRO DIA, CINCO QUILOS FUGIRAM DE SEU CORPO E
habitaram em algum lugar ao vento.
Na quarta manhã, sem agonia, a luz fazia os seis quilos sumir.
No décimo, o churrasco queimava pneuzinhos sem ressentimento e
somente na sua mente, o corpo voltava a gordura diminuir.
ENTRE QUARENTA E SETE DIAS,
a dieta seguia livre como uma fantasia.
O homem com maestria perdia seus quilos…
No diário com som altivo compartilhava feitos com imensa alegria,
quilos ao vento desapareciam.
COM UMA NOVA ESTÉTICA NO AR,
ele falava com luz no olhar
e munido do melhor dos sentimentos,
o homem sorridente parecia como os pés junto ao mar,
porque meio quilo a mais ele conseguia diminuir sem treinamentos.
O SOL ASSISTIA DE LONGE EM COMPLETO SILÊNCIO,
quando um outro homem,
munido de lápis como granada nas mãos pronto a detonar,
sensível à razão, gritou surpreso em tom a questionar:
estou um tanto desconfiado, varão!
A CONTA SE PROPÔS A FAZER, CONVICTO COM GRANDE EMOÇÃO…
se pesavas cento e cinco quilos, irmão
e emagreceste cento e cinco quilos e meio, perdão,
mas vejo fraude na contabilização!
A MEU VER,
és um homem matematicamente desaparecido e
para minha agonia, cristão,
apesar de ver todos os dias nas tuas mãos, pão e macarrão,
agora, surpreso, sei que falo com a minha própria imaginação.
Autor: Robert Borgneth Marinho.
Brasil, 23 de março de 2025.
