Manoel Bandeira

Manoel Bandeira, nascido em 19 de abril de 1886 no Recife, Pernambuco, foi um dos maiores poetas da literatura brasileira. Filho de um engenheiro, Bandeira viveu sua infância em várias cidades do Brasil devido às transferências de trabalho de seu pai. Sua vida foi marcada por vários problemas de saúde, especialmente a tuberculose, que diagnosticada em 1904, interrompeu seus estudos de arquitetura na Escola Politécnica de São Paulo. Esta doença, embora tenha trazido limitações, também inspirou sua obra poética, que muitas vezes reflete temas de morte, simplicidade da vida e a busca por alegria nas pequenas coisas. Sua poesia é caracterizada por um lirismo profundo e uma linguagem coloquial, o que o destacou no movimento modernista brasileiro.

Ele também atuou como crítico literário e tradutor, além de ser professor de literatura. Bandeira teve grande influência no modernismo brasileiro, contribuindo para a renovação da poesia com sua abordagem inovadora e sensível. Seu legado perdura na literatura brasileira, sendo frequentemente estudado e admirado por sua capacidade de transformar experiências pessoais em obras universais e atemporais. Manoel Bandeira faleceu no Rio de Janeiro, em 13 de outubro de 1968, deixando um legado poético que continua a inspirar gerações, a conhecer:

“Vou-me embora pra Pasárgada”

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro 
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas 
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der 
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

(BANDEIRA, Manoel. Vou-me Embora pra Pasárgada. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/aulusmm)
11/02/2025 Por Robert Marinho

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