É certo que me importo com o que pensam de mim!
Mas antes, descortino a vida sem delírios para dizer QUEM SOU:
Eu sou o pé firme no chão,
A filha da terra do sol nascente,
A força do tempo que trabalha desde a aurora do primeiro verão,
Sou a fragilidade inclinada que resta da paixão.
Eu sou o fruto para o descanso feminino,
Às vezes para o albatroz e para o público masculino.
Sou o conforto para o corpo que deita sem se preocupar,
O descanso que vinga sobre a dor atroz só para acalmar.
Eu, a cadeira cansada,
Sou a intimidade para o corpo dormir e desfrutar ainda,
A amiga da parafina que bronzeia a pele branca, sensível e fina,
A heroína nordestina que se encanta mais com o corpo que com a alma,
A geografia praiana pouco percebida na tarde solitária que declina.
Hoje eu sou a imperfeição industrial conhecida na areia dos sonhos,
A terceira opção escolhida na praia para bronzear,
A cadeira por muitos não escolhida para fotografar,
Sou a nostalgia que para e olha diante da tarde bem perto do mar.
Nestes últimos dias sem forte voz,
Eu sou a dor percebida pelo peso dos muitos anos de sol…
Sou a cor nem tão branca pela palidez envelhecida e esquecida,
Mas sou uma cadeira ainda hoje com muita sorte!
Eu sou a pouca resistência que navega nos dias já esquecidos.
Sou o aposento, o uso pela última vez ou o desuso talvez.
Eu sou a dúvida presente que surfa nos fortes ventos…
Mas diga-me com toda sinceridade!
Serei capaz de bronzear um corpo mais uma vez?
MARINHO, Robert. A Cadeira Cansada. – Publicado por Prodobem.art.
Descobrindo um pouco desta obra literária.
O poema diz sobre superar o isolamento afetivo. É um desafio que muitos enfrentam e a ‘Cadeira Cansada’, nesse contexto, se torna uma metáfora poderosa. Ela representa tanto o conforto quanto a solidão, o acolhimento e o abandono. O poema tenta resgatar a essência desse objeto, trazendo à tona memórias, sentimentos e reflexões que se entrelaçam com a experiência humana. A ‘cadeira cansada’ é um testemunho silencioso das mudanças sociais e emocionais que atravessa, em algum momento, a vida
do ser humano, sob o ponto de vista de sua utilidade na sociedade.
