No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Desvendando um pouco desta obra literária.
Os versos acima são carregados de nostalgia e sempre voltam-se para o passado com muita saudade de um tempo que não voltará mais. É possível notar como muitas coisas mudaram ao redor do sujeito lírico: pessoas se foram para nunca mais voltar. Sua vida inocente mudou, mesmo a casa de sua infância ainda de pé. O passado tem fator de alegria, enquanto o presente, um sabor de melancolia.
CAMPOS, Álvaro. Retrato. – Por Robert Marinho
